Eu nunca me senti uma pessoa muito livre. Na infância sentia que meus pais me controlavam demais. Na adolescência reproduzi o comportamento, eu mesma me controlando em excesso, dissimulando meus pensamentos e sentimentos. Na idade adulta, passei a controlar os outros.
Existe algo de perverso na ideia de controle, que é a sensação de que você sabe o que é melhor, sempre. Se ao menos as pessoas fossem como você gostaria que elas fossem, todos - inclusive elas - seriam mais felizes. A vida entraria nos eixos. Se fizesse sol ao invés de chuva. Se o maracujá estivesse mais doce. Se as pessoas cumprissem horários. Se o vizinho fosse mais silencioso.
A gente entra num looping de se distanciar da vida porque ela não acontece da forma como gostaríamos que ela acontecesse - tudo para não sentir o caos e a impotência correndo nas veias.
Como se Deus tivesse que estar lá na parede, estampando o quadrinho de funcionário do mês.
Nada pode ser menos liberdade do que isso: precisar que o mundo gire na velocidade e direção que você quer para conseguir experimentar contentamento.
Eu tenho descoberto que a nossa liberdade só existe quando a gente deixa que o mundo seja livre.
Eu tenho trabalhado com a ideia de que não importa a direção na qual o mundo gire, eu vou sempre me esforçar para fazer desse movimento a minha pista de dança.
E da ausência de controle sobre o outro a minha passarela.
Eu não sei se isso faz sentido para você mas eu sinto que as coisas precisam ser sentidas para fazerem sentido.
E é só mergulhando no caos da entrega ao desconhecido que vamos conseguir reconhecer as asas que enfeitam nossas costas.
E perceber que, na verdade, elas sempre estiveram aqui.
Texto de Flávia Melissa🍃
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