A inveja é um poder que precisa ser compreendido. Ela é um mecanismo de defesa criado para amortecer a dor que a pessoa sente por se acreditar inferior. Em algum momento ela desenvolveu a crença de que é incapaz e impotente para realizar determinadas coisas. Esse choque de impotência pode ter sido instalado muito cedo na vida humana, quando a pessoa ainda era um bebê que estava tentando mamar e não conseguia, seja porque a mãe não tinha leite ou porque esse leite estava tão contaminado pelo ódio, pelo medo e pelas várias manifestações do desamor.
Talvez a melhor maneira para interpretar esse fenômeno é classificando-o como um sentimento de inadequação, não pertencimento. A criança sentiu-se excluída, sem poder fazer parte.
É o amor que acolhe, que inclui e faz com que a criança sinta-se pertencendo, mas a corrente de ódio que se manifesta através deste contato com o seio contaminado, muitas vezes, gera a ferida da exclusão. Para a criança, a mãe é o mundo e o que ela mais quer é dominar o mundo, porém, nessa situação, ela passa a se sentir impotente diante do mundo, dando início a uma série de eventos no seu universo interior para que consiga sobreviver ao desamor.
Mas quando essa marca de inadequação é realmente imprimida no sistema, fica difícil dissolvê-la, até porque, para seguir sobrevivendo e desenvolvendo-se, a pessoa acaba desenvolvendo esse mecanismo de defesa, que é a inveja, para proteger a ferida que dói tanto.
E conforme a criança desenvolve-se e amplia o seu repertório (vai adquirindo informações do mundo), esse mecanismo de defesa torna-se cada vez mais especializado.
A base deste mecanismo de defesa é fazer com que aquilo que ela acredita ser superior a si desça para o seu nível, já que no fundo, acha-se inferior e impotente para atingir o nível da pessoa. Então, quando vê alguém chegando ao estado que almeja, ela conta uma história para si mesma tentando fazer com que aquela pessoa “caia” para o nível onde ela se encontra, seja dizendo que o outro não é tão bom assim ou se convencendo de que existe alguma coisa errada, uma injustiça, nesta situação. Na prática, a pessoa tomada pela inveja invalida o poder do outro, sua capacidade, não reconhecendo as conquistas e méritos da pessoa em questão.
A inveja solta raios – raios de maledicência. Dissemina uma série de venenos nos círculos por onde passa para que, de alguma forma, afete a pessoa invejada. O invejoso vai ao círculo onde a pessoa invejada está em alta, onde ela é respeitada, e começa a falar como quem não quer nada: “Aquela pessoa realmente é legal, é fabulosa. Ela tem aquele defeitozinho assim, mas não é nada, não é? O que importa é que ela é legal.” Pronto. Soltou o veneno! Criou uma dúvida a respeito da credibilidade daquela pessoa de uma forma bem sutil. E se perceber que o tal veneno não surtiu efeito, será mais incisiva. Começará a contar algo como: “Ela está onde está porque roubou, porque enganou alguém…” E assim vai, sem muitos limites.
A inveja é realmente um raio de energia destrutiva e para desarmar esse mecanismo é preciso, em primeiro lugar, tomar consciência dele. Você precisará entrar em contato com o seu sentimento de impotência, de inadequação, de não pertencimento, de fracasso. Só assim conseguirá sair desta distração que é ficar brigando com o outro ao invés de usar sua energia vital para ser feliz.
Os mecanismos de defesa, embora necessários para proteger o ego que está se desenvolvendo, são como um veneno que o animal segrega para se desenvolver. Mas chega um momento na jornada evolutiva em que esse veneno se volta contra a própria entidade, geralmente fazendo com que ela se distraia do seu processo evolutivo.
Geralmente o invejoso se ocupa com a vida do outro ao invés de olhar para o seu sentimento de inadequação, seu sentimento de impotência. Parece mais fácil ficar para fora atuando na disputa e na inveja do que cuidar do que realmente dói dentro de si.
Essa referência que eu acabei de fazer é para a inveja de forma geral, mas ela se manifesta de formas diferentes para cada um, de acordo com o seu enredo, com a sua própria história. De qualquer forma, quando a inveja aparecer, estará sinalizando o caminho que você deve percorrer.
Eu tenho dito que a primeira fase da jornada evolutiva é destinada ao desenvolvimento pessoal. À medida que você descobre partes suas que estavam relegadas ao plano da sombra, que vai tomando mais consciência de partes suas que você não via, como a sua inveja e o que está por trás dela, vai liberando sentimentos que estavam trancados em negação.
Por isso, se você quer se aprofundar neste trabalho de cura e transformação, eu sugiro que você se recolha na medida do possível, evitando distrações, para poder sentir o que realmente precisa sentir. Trate de ser íntegro com os sentimentos, esse é o caminho. Daqui eu torço para que você tenha disposição para integrar tudo aquilo que precisa ser integrado em seu sistema.
Sri Prem Baba
imagens: google
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Vou compartilhar no facebook ...achei ótimo!
ResponderExcluirBeijos
CamomilaRosa