O moço bonito brincou de cair no rio uma vez, mas era faz de conta, era fábula, o público tava todo esperando ele voltar pra aplaudir de pé, e o autor, com gosto, escreveu que o moço voltava. Só que o moço não resistiu ao encantamento do rio e mergulhou de novo. E o rio, apaixonado, tomou a caneta da mão do autor e abraçou o moço pra ter o espetáculo só pra si.
Ê, Chico, contigo não se brinca mesmo, tu anda maltratado, mas que ninguém duvide da tua força, né, meu véi.
Eu? Ah, eu despedaçada. Eu de boca aberta e olhos arregalados. Porque a ficção das ficções não chega aos pés desse mundo que a gente leva a sério. Então, o protagonista também morre? Morre. Na verdade, aqui acontece toda sorte de coisas impossíveis porque acabar, acabar não acaba nunca e a gente vai sendo o personagem dentro do personagem dentro do personagem. Mas, do lado de cá do véu, a gente só enxerga o lado de cá do véu, o lado de cá das cortinas.
E o grande ator se despede deixando o público suspenso numa metalinguagem de dar vertigem. Diacho de vida doida, diacho de vida linda, ficamos aqui, mergulhados todos, numa realidade limitada e mágica. Como no teatro.
Texto de Ingra Rosa
Imagem: Por do sol no rio São Franscisco
Estamos todos estarrecidos!
ResponderExcluirAbraço!
Sonia
Minha tristeza não tem limite. Já chorei tanto hoje... pensei no qto a vida é frágil, agora estou aqui, amanhã posso não estar mais. Esse ano em especial foi difícil, doloroso, tantas perdas, em todos os aspectos. Perplexa... triste... desacreditada...
ResponderExcluirLindo texto!Eu quis escrever, não consegui.Mas compartilho destas palavras bem ditas.Abraço.
ResponderExcluirA vida é cheia de mistérios e incertezas...A tristeza tomou conta do meu ser...Mas o espetáculo da vida precisa continuar, mesmo no meio de tanta dor.
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