Somos soldados treinados para reagir à violência com violência. Somos robôs programados para levantar a armadura diante do primeiro sinal de ataque. Mas e quando o ataque não passa de percepção, apenas uma fragilidade gritando e pedindo colo?
Ontem uma pessoa gritou comigo. E gritou comigo em uma situação absolutamente sem necessidade. Eu estava ouvindo o que ela dizia, apenas não tinha tido tempo suficiente para responder. Várias outras pessoas falavam comigo ao mesmo tempo e eu não conseguia responder a todas. E então, um grito bem diante de mim.
Me senti absolutamente desprotegida naquele momento. Não tive vontade de gritar de volta e nem de chorar, mas aquele grito pegou em um lugar em mim de dor e fragilidade. Como se eu fosse uma criança pequena e assustada. O grito me colocou em um lugar de vulnerabilidade e, evidentemente, conseguiu de mim o que queria. Minha atenção. Respondi à pergunta que estava sendo feita e ela rapidamente se distraiu de mim e olhou em outra direção.
Eu fiquei um tempo incomodada com o grito mas, passado um tempo, examinei as sensações de um lugar de curiosidade, não de julgamento, e cheguei a resultados surpreendentes. Porque a criança que eu senti despertar dentro de mim no momento em que ouvi o grito não foi a única presente no momento.
Quem gritou comigo também foi uma criança. Uma criança que, diante do descontentamento, aprendeu que gritar era a única saída para ser notada. A pessoa que gritou comigo também estava em uma posição de fragilidade, porque minhas idéias confrontavam crenças que serviam de estrutura para seu modo de vida. E lá estava eu, dezenas de anos mais nova, dizendo que ela estava errada - não exatamente com estas palavras, mas apontando em outra direção. Ela estava em uma posição de vulnerabilidade. Ela não gritou COMIGO, ela gritou PARA MIM.
Imaginar esta pessoa como uma criança de 8 anos, assustada e contrariada abre espaço no meu coração para acolhê-las e amá-la. Imaginar a mim mesma desta forma também desperta em mim uma amorosidade sem igual. Todos nós temos esta criança dentro de nós.
Como anda a sua?
Flávia Melissa
imagem: google
Achei interessante este texto, pois costumo fazer isso...
Quando fico chateada com alguém, imagino os envolvidos como crianças, fazendo birra e malcriação.
As vezes me imagino assim também...
Não sei como explicar, mas uma amorosidade surge...e o perdão também.
Se pararmos pra pensar, somos todos crianças gritando por carinho, atenção e aceitação.
Beijos amorosos
Oi Sheila!
ResponderExcluirTexto lindo e adorei o teu retorno...a gente sente falta! um beijo grande e até mais!
Quantas vezes passei por situações assim e nunca imaginei dessa forma, como é interessante e faz todo sentido, é nesses momentos que a criança que vive em nós aparece e saber enxergar essa criança no outro é uma bela forma de entender o que se passa com ele também...muito bom :)
ResponderExcluirSheila está lindo o novo visual do blog *-*
Beijão
Há sempre um menino a gritar nos meus ouvidos Sheila, há sempre um menino a querer mostrar coisas desta vida que eu as vezes nao creio e ou desiludi.
ResponderExcluirEla vive e é preciso que esteja atenta em todos nós, pois esta criança, que nos inspira a seguir.
Carinhoso abraço e grato por boas lieturas aqui.
Beijo e bom fim de semana com paz e muita luz.
Que Maravilha!
ResponderExcluirNunca tinha olhado por este ângulo!
OBRIGADA!!!
Beijos no coração!
Obs: Estava um bom tempo com problemas na Internet, não conseguia abrir os Blogs, por isso não havia mais lido, visto e nem comentado! Ainda por cima, muito triste com esta situação! Agora Feliz, tudo voltou ao normal!
Que linda esta postagem. Precisando muito entrar em contato com meu lado criança. :)
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