Sempre tive mais tendência a simplificar do que complicar, mas agora isso se intensificou a ponto de eu começar a flertar com o budismo. Lendo alguns livros e assistindo palestras, tenho percebido como o caminho para ser feliz é óbvio eu mesma já fui acusada de escrever sobre coisas óbvias, e não tenho como me defender contra isso: escrevo obviedades, sem dúvida. Porém me pergunto, intrigada: por que as obviedades andam tão necessárias?
É que normalmente o óbvio fica soterrado sob camadas e mais camadas de auto boicotes: as pessoas se irritam por besteiras, fazem escolhas idiotas, brigam no trânsito, não se abrem sobre o que sentem, desperdiçam energia à toa, desrespeitam o coletivo e são refratárias a tudo que seja simples e fácil, já que a dor, a culpa e o ódio faz parecer que elas têm uma vida mais profunda.
Felicidade é algo que todos desejam e ao mesmo tempo renegam, já que não saberiam lidar com algo que lhes deixaria tão soltos e leves. Com péssimo ibope junto aos intelectuais, a felicidade (que nada tem a ver com bobice, mas com paz de espírito) ficou associada à superficialidade, enquanto que o sofrimento produz arte e filosofia.
Sob esse aspecto, óbvio que ser um deprimido é mais charmoso.
Pena que isso seja um estereótipo. Ora, filosofia busca a consciência, que é chave para a felicidade, e a arte faz um bem danado a mentes atormentadas, que através dela conseguem realizar catarses e se conectar com um mundo que lhes parece hostil. Ou seja, não importa quem ou de que forma, todos querem viver melhor, sem esquecer que esse “melhor” tem sentidos diversos para uns e para outros. Seja qual for o significado de “melhor” pra você, ele é a sua perseguição. Só que alguns escolhem vias cheias de obstáculos e acabam não aproveitando a viagem.
O bem-estar vem de onde? Óbvio: da convivência com amigos, de relações saudáveis, de não permitir que frustrações e ressentimentos virem a tônica da vida, de não reagir com exagero diante de insignificâncias, da valorização das miudezas grandiosas do cotidiano, de sentir-se disponível para o novo e o diferente a fim de enriquecer a própria existência, mantendo uma espiritualidade básica que envolva a generosidade, a compaixão, a tolerância (não é obrigatório ter religião pra isso). Mais: de aceitar as mudanças, de trocar de perspectiva quando se estiver obcecado com algo, de buscar a evolução da mente.
Inventei a pólvora? Estou dizendo alguma coisa que você já não esteja careca de saber? É tudo tão evidente, tão incontestável, que dá até sono. O que você ainda está fazendo lendo essa página? Acorde e vá pra rua.
Aí você sai e cruza com centenas de outros cidadãos para quem o óbvio é uma teoria sem aplicação prática, e que continuam encrencando-se de forma absurda, a fim de voltarem para casa estressados e sentindo-se vítimas do próprio destino. Charmosos, sem dúvida. Resta saber a que custo pessoal.
Martha Medeiros
Coluna ZH dias 06/10/2013
Imagem: Hedy Lamarr
Adorei! :)
Também ando às voltas com Buddha e Dalai Lama na minha cabeceira... me peguei fazendo as mesmas perguntas. Vi quanto tempo tenho desperdiçado com questões infantis, com perguntas idiotas, tão "óbvias" que não consigo enxergar, convivendo com pessoas e situações que me são totalmente dispensáveis. O mais difícil nisso tudo é saber que a maioria esmagadora das pessoas só se dão conta disso depois dos 40. Eu, felizmente, pois acho que ainda dá tempo de emendas, acordei e percebi essa tão "dura" e simples realidade. Você, passarinha descobriu a chave do segredo ainda bem jovem, isso significa que não perderá tempo e não derramará lágrimas copiosas à toa, viverá mais, melhor e com uma qualidade de vida maravilhosa. Ótima matéria pra começar bem a semana! Já pensou em escrever um livro? então pensa!! Ó, vou deixar esse link no Face pro pessoal ver, importantíssimo!!! Beijos querida e ótima semana!! Vy
ResponderExcluirOi Sheila *-* ótimo texto..acho que todo mundo devia ler, é preciso parar de se importar com coisas tão insignificantes e viver...viver e ser feliz!
ResponderExcluirAmei.. Super Beijo!
Estrela,Flores...Melancia
Infelizmente ainda temos muita dificuldade em enxergar o óbvio.
ResponderExcluirBeijinhos
Olá Sheila! Aprecio muito os textos da Martha. E aprecio mais ainda esse seu espacinho aqui! Sempre me ajuda MUITO!
ResponderExcluirVc não faz ideia! Que Deus continue te abençoando.
Obrigada pelo bem que me faz.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom e muito óbvio!
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