Uma pessoa, quando ganha um filho, deixa um pouco de ser, ela mesma, filha. Sua condição muda. Agora ela não é mais apenas receptora, é também doadora de amor.
A realização do ser humano é tornar-se doador de amor, mais do que receptor. Claro, essa realização não se dá apenas com a paternidade e a maternidade. Padrinhos e madrinhas, tios e tias e até amores românticos podem suprir essa necessidade de amar.
Mas o objeto de amor, o filho, enquanto ele vive só na condição de filho, é como se ele estivesse no começo, como se estivesse na fase de estreias da existência. Há muito ainda pela frente e, por ele não saber o que há pela frente, há quem o vele e guarde - são os seus pais.
Um filho que já teve filho lega a seus próprios pais outro ser para guardar e velar: o neto. Quer dizer: o amor que os pais tinham por aquele filho, de certa forma, é um amor já realizado, como o de amantes que se casaram. O amor continua, mas, por ser realizado, é um amor aplacado da gana e da fúria, é um amor sem ansiedade, um amor de primavera, não de verão.
Já um filho que ainda não teve filho é objeto de um amor pulsante, um amor aflito, que acorda de madrugada para contar a ausência do ser amado no relógio.
Foi isso que me pegou: pensar nas mães e nos pais daqueles meninos e meninas (de Santa Maria). Porque todos acham que os filhos são dependentes dos cuidados dos pais, quando é o contrário: os pais é que são dependentes do bem-estar dos filhos. Pois, afinal, o amor que se dá é muito mais valioso do que o amor que se recebe. Pois, afinal, amar acaba sendo mais importante do que ser amado.
David Coimbra
Trechos da sua coluna do jornal ZH do dia 01/02/2013.
imagem daqui
Achei lindo esse olhar,
por isso selecionei alguns trechos para postar aqui. :)
Tb achei lindo!
ResponderExcluirCheio de sentido e sentimento.
Bjos minha cotovia, filha, mãe, amiga :)
Belo texto! O amor que sentimos quando nos tornamos mães que os filhos só o entenderão quando se tornarem pais.
ResponderExcluirUma sexta abençoada!
Beijos,
Lu!
Que bonito, deve ser um amor sem fim, de pai para filho.
ResponderExcluirBeijos
Excelente escolha, Sheila! Também considero que somos mais dependentes do amor que damos que do amor que recebemos!
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